domingo, 2 de setembro de 2012

Ele virou um anjinho


O momento pede fortaleza, aceitação e esperança
Digo isso porque após confirmação da morte o que vem na mente é "porque?"
Cientificamente a resposta foi que a infecção urinária teria causado a morte do embrião.
Após dois dias desta informação minha mente iniciou o processo de aceitação, o que verdadeiramente é muito dificil.
Quando retornei na quinta feira para o hospital e foi dito que ficaria internada para fazer a curetagem, posso dizer que estava pronta para o que viria a passar.
São momentos de dores. Mas a pior dor realmente está na alma.

Infelizmente não posso dizer que a equipe medica/enfermagem/apoio foi 10. Ao contrário, ficamos eu e uma colega de quarto completamente isoladas, sem um apoio pscológico ou humanitário. Parecia que eramos o refugo do hospital. Tive, mesmo sangrando e com cólicas, ter de sair do meu leito e vagar pela enfermaria a procura de um auxiliar para trocar o soro e dei de cara com o vazio. A equipe so veio aparecer na troca do plantão nos deixando passar a noite em agonia.Pior que nem uma palavra de conforto nos foi passada. E isso foi em um Hospital particular!Parecia que não bastava todo o sofrimento que estava acontecendo era necessário o desprezo, como se tivessemos culpa ou vontade de não gerar.

O fato do aborto esontâneo acontecer em tantas mulheres deveria ja ter suscitado um apoio psicologico nestas unidades para aquelas que passam por este trauma.
Minha psquiatra ao saber do que estava acontecendo orientou para que eu retomasse os medicamentos de estabilização do humor pois não tem como prever a reação de um bipolar frente a uma tragédia. Agora estou medicada.

A médica me deu até o dia 14 de setembro afastamento do trabalho.
Me preocupo com meu marido. Sei que as reações masculinas são diferentes, ele está muito carinhoso e preocupado comigo mas também ainda não fala sobre o acontecido.
A ação abortiva, a curetagem, posso dizer que passei com louvor sem intercorrencias. Mas o tralma da alma e da mente ainda vai demorar a curar.

Sei que mais adiante posso tentar novamente. Então bola pra frente, vamos seguir com a vida!